segunda-feira, 8 de junho de 2009

Racismo e discriminação étnica

O racismo é a tendência do pensamento ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras, onde existe a convicção de que alguns indivíduos e a sua relação entre características físicas hereditárias e determinados traços de carácter e inteligência ou manifestações culturais são superiores a outros. Não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré-concebidas, onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. É um preconceito contra um “grupo racial”, geralmente diferente daquele a que pertence o sujeito, e como tal, é uma atitude subjectiva gerada por uma sequência de mecanismos sociais.
Um grupo social dominante, seja em aspectos económicos ou numéricos, sente a necessidade de se distanciar de outro grupo que, por razões históricas, possui tradições ou comportamentos diferentes. A partir daí, esse grupo dominante constrói um mito sobre o outro grupo, que pode ser relacionado à crença de superioridade ou de iniquidade. Nesse contexto, a falta de análise crítica, a aceitação cega do mito gerado dentro do próprio grupo e a necessidade de continuar ligado ao seu próprio grupo levam à propagação do mito ao longo das gerações. O mito torna-se, a partir de então, parte do status quo, factor responsável pela difusão de valores morais como o certo e o errado, o aceite e o não aceite, o bom e o mau, entre outros. Esses valores são aceites sem uma análise do seu fundamento, propagando-se por influência da coerção social e sustentando-se pelo pensamento conformista de que “sempre foi assim”.
Finalmente, o mecanismo subliminar da aceitação permite mascarar o prejuízo em que se baseia a discriminação, fornecendo bases axiológicas para a sustentação de um algo maior, de posturas mais radicais, como as atitudes violentas e mesmo criminosas contra membros do outro grupo.
Convém salientar que o racismo nem sempre ocorre de forma explícita. Além disso, existem casos em que a prática do racismo é sustentada pelo aval dos objectos de preconceito, na medida em que também se satiriza racialmente e/ou consente a prática racista, de uma forma geral. Muitas vezes, o racismo é consequência de uma educação familiar racista e discriminatória.
Nos Estados Unidos da América, o racismo chega a extremos contra os negros, índios, asiáticos e latino-americanos, em especial no sul do país. Até 1965, existiam leis, como as chamadas “Leis de Jim Crow”, que negavam aos cidadãos não-brancos toda uma série de direitos. Além disso, muitos negros foram linchados e queimados vivos sem julgamento, sem que os autores destes assassinatos fossem punidos, principalmente pelos membros de uma organização, a “Ku Klux Klan”, que defendia a “supremacia branca”. Esta organização/seita ainda existe naquele país, alegadamente para defender a liberdade de expressão e liberdade de ofensa daquele grupo social.
Estes factos levaram a movimentos racistas por parte dos negros, como o “Black Power” (em português, “Poder Negro”), a organização “Nation of Islam” e o reaparecimento de movimentos intitulados de sociedades secretas asiáticas na Ásia.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo, em 6 de Junho de 2009

Autonomia

Todos nós sentimos a necessidade de estar no controlo dos eventos e situações da nossa vida, principalmente os que afectam o nosso bem-estar, os nossos objectivos e os nossos ideais. Durante todo o nosso curso de vida, da infância até a velhice, estão presentes o exercício da autonomia, a condição de dependência e de independência.
Autonomia significa o exercício do auto-governo, auto-regulação, livre escolha, privacidade, liberdade individual e independência moral. Refere-se à liberdade de experienciar os eventos de vida com harmonia com os próprios sentimentos e necessidades.
Independência é a capacidade funcional, isto é, a capacidade de realizar as actividades básicas do nosso dia-a-dia (alimentar-se, fazer a higiene pessoal, tomar banho, vestir-se, movimentar-se, etc...) e actividades instrumentais da vida diária (fazer compras, pagar as contas, usar um meio de transporte, preparar uma refeição, cozinhar, cuidar da própria saúde, manter a sua própria segurança) a ponto de sobreviver sem ajuda para o auto-cuidado e o manejo instrumental da vida.
Défices nas capacidades funcionais reflectem-se em dependência funcional. A independência não é condição necessária para a autonomia, embora seja uma condição frequentemente presente em pessoas capazes de decidirem por si. A independência está associada à agência, à autonomia, à autoconfiança e ao autocontrolo. A dependência significa a incapacidade da pessoa funcionar satisfatoriamente sem ajuda, quer por dificuldades físicas e/ou mentais.
Assim, autonomia, dependência e independência são condições que se entrelaçam. São condições presentes no nosso curso de vida com diferentes formas de manifestação pelas pessoas e por uma sociedade. É possível que uma pessoa seja dependente sem que perca a sua autonomia.
Na medida em que amadurecemos, libertamo-nos das relações e necessidades de apoio, segurança e assistência dos outros. A natureza da dependência e da autonomia transforma-se ao longo da vida e o equilíbrio dessas duas condições vai se alterando. A busca de identidade e individualidade propicia o desenvolvimento da autonomia. A autoconfiança e senso de agenciar a própria vida dão-nos a certeza de que não estamos sozinhos.
Existem três dimensões que influenciam a dinâmica autonomia/dependência/independência ao longo da vida: biológicas, sociais e psicológicas. Ou seja, o crescimento e mudanças biológicas, as exigências sociais e antecedentes psicológicos assumem diferentes pesos em diferentes fases na vida de todos nós. Assim, quando bebé e na infância, somos mais dependentes devido às exigências biológicas, devido às limitações físicas e mentais naturais, enquanto que na vida adulta a nossa autonomia e independência são afectadas mais pelas exigências sociais e por metas individuais. Por isso, ser dependente no contexto da vida adulta tem um sentido bem diferente da dependência na infância.
Na vida adulta e na velhice, a adequada fusão da dependência e independência depende do senso de agência e autonomia. É importante lembrar que existe uma relação entre as competências da pessoa e as exigências de seu ambiente e da sociedade em que se vive.
Muitas vezes, a dependência física é confundida com perda de autonomia, por isso vemos frequentemente que o senso comum considera que, com o envelhecimento, os idosos são vulneráveis a perder o controlo das suas vidas. O ambiente social tem uma grande responsabilidade sobre as condições de autonomia, dependência e independência do indivíduo idoso.
O facto de outras pessoas ajudarem nas necessidades biológicas de uma pessoa não significa que ela não possa exercer seu papel efectivo no seu próprio desenvolvimento, ou seja, ter um domínio de seu contexto social. Em instituições, por exemplo, como os asilos, lares e casas de repouso, a dependência física é muitas vezes confundida com dependência para a tomada de decisão, o que dá origem à perda da individualidade.

Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/autonomia_funcional_velhice.htm, em 5 de Junho de 2009